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'Ainda Estou Aqui', o primeiro filme original Globoplay, estreou na 81.ª edição Festival de Veneza no domingo (1º). Para promover o filme, o diretor Walter Salles e os protagonistas Fernanda Torres e Selton Mello participaram da divulgação do longa no evento de cinema. O autor Marcelo Rubens Paiva, que escreveu o livro em que o filme é baseado (e leva o mesmo nome), também participou da promoção na Itália.
O filme, que concorre ao prêmio Leão Ouro do Festival, marca o retorno de Salles ao cinema narrativo após doze anos. Ele conta a história de Eunice Paiva, mãe de cinco filhos, que luta para descobrir o paradeiro de seu marido, Rubens Paiva, após ele ser levado de caso pela polícia militar em 1971, durante a ditadura no Brasil.
Durante a coletiva de imprensa, Salles expressou sua admiração por Eunice Paiva: "O que realmente me emociona no livro [Ainda Estou Aqui] é o fato de que é uma história extraordinária de uma família resistindo a um ato de violência e uma mulher se reencontrando em meio a isso. E eu me apaixonei por essa mulher. Eu a conheci. Mas o que Marcelo [Rubens Paiva] fez foi descobrir que sua mãe era de fato o coração desta família".
Marcelo Rubens Paiva, autor do livro "Ainda Estou Aqui", que inspirou o filme, comentou sobre a importância de contar a história de sua mãe: "Quando minha mãe começou a perder sua memória [devido ao Alzheimer], eu senti que tinha que escrever algo sobre ela. Ela era o centro da nossa família, uma figura central na luta contra a ditadura e pela democracia".
A atriz Fernanda Torres, que interpreta Eunice, destacou a força e resiliência da personagem: "Ela foi uma heroína. Ela encarou a tragédia evitando o melodrama. Não queria que seus filhos se tornassem vítimas da Ditadura. E o jeito que ela encontrou para fazer isso foi ficar em silêncio e sorrir".
O longa foi exibido no festival e recebeu uma ovação de 10 minutos e 20 segundos após sua exibição na Sala Grande do Palazzo del Cinema. Ao longo do último terço do filme, foi possível ouvir muitas pessoas chorando no local, e, ao final da sessão, Walter Salles, Selton Mello e Fernanda Torres demonstravam estar emocionados e choraram bastante.
As críticas internacionais já apontam "Ainda Estou Aqui" como uma das melhores obras de Salles. O The Hollywood Reporter classificou o filme como "profundamente tocante", enquanto a Variety o chamou de "radical em empatia". Para o Deadline, o filme é uma "poderosa advertência da história", ressaltando sua importância como um tributo e uma defesa do Brasil.
Fernanda Torres foi ovacionada pela crítica que chamou sua performance de "impressionante". "É uma atuação que deve catapultar ela para a temporada de premiações, 25 anos depois de sua mãe ser indicada ao Oscar por Central do Brasil", escreveu a crítica do Deadline. Mesmo tendo concorrentes fortes como Nicole Kidman (do filme Babygirl) e Angelina Jolie (do filme Maria), Fernanda Torres tem chances de levar a Coppa Volpi, prêmio do festival para a atuação feminina.
'Ainda Estou Aqui' é uma adaptação do livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva sobre sua mãe, Eunice Paiva. Na trama,ambientado em 1971, uma mulher casada com um importante político precisa mudar sua vida completamente depois que ele é exilado durante a ditadura. A dona de casa se vê obrigada a virar ativista de direitos humanos após o desaparecimento de seu marido. O filme explora o impacto da ditadura militar no Brasil e como a jornada de Eunice se entrelaça com a história do país.
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